CONTENDO OS ACTOS E RELAÇÕES POLITICAS E DIPLOMATICAS DE PORTUGAL COM AS DIVERSAS POTENCIAS DO MUNDO DESDE O SECULO XVI ATÉ OS NOSSOS DIAS PUBLICADO DE ORDEM DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA POR LUIZ AUGUSTO REBELLO DA SILVA TOMO III LISBOA TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS M DCCC LXVIII Abraça aça o o terceiro Tomo do Corpo Diplomatico Portuguez, que hoje damos á estampa, um periodo de quatro annos apenas, desde 1534 até dezembro de 1538, mas um periodo tão interessante para a historia interna, e para a historia da Europa em geral, que estes quatro annos de seguidas e laboriosas negociações bem podem representar pelo seu vulto decadas inteiras de relações ociosas, ou estereis. O assumpto mais discutido entre Portugal e a Curia, aquelle, que a nossa corte antepunha a todos os que seus ministros versavam na mesma época em Roma, foi ainda o do estabelecimento da inquisição. D. João 11 e o seu conselho não descansaram nunca de o suscitar, e seus agentes empregavam-se com egual ardor e excessivo zêlo em vencer as repugnancias e os obstaculos, que a cada passo lhes levantavam as diligencias dos christãos novos ameaçados, e o apoio, não gratuito, dos protectores, que tinham conseguido attrahir. Publicámos no volume antecedente os documentos relativos á concessão da primeira bulla, que erigiu no reino o Tribunal da Fé. Seguiu-se a lei de 14 de junho de 1532, promulgada em Setubal, a qual, fechando as portas do paiz aos conversos, que o queriam deixar, foi como um fa cho sinistro, que veiu illuminar a voragem aberta debaixo de seus pés, |